Nível intelectual de alunos é o mesmo de há 20 anos
marquesarede
DN online, 20.10.05 elsa costa e silva
As capacidades de raciocínio dos alunos portugueses são as mesmas de há 20 anos. A aplicação de um inquérito em 33 escolas, no âmbito do programa AVES - Avaliação do Escolas com Ensino Secundário -, demonstra que não houve evolução no nível intelectual dos estudantes desde 1985. Este trabalho, que está no terreno desde 2000, avalia ainda outros factores, nomeadamente os conhecimentos adquiridos pelos alunos a matemática e português. E, contrariamente ao que se poderia pensar, os estudantes do 7º ano e 9º ano sabem mais hoje do que há três anos.
Promovido pela Fundação Manuel Leão, o programa demonstrou também uma realidade que, apesar de recorrentemente afirmada, não tinha grandes investigações no terreno a de que o desempenho escolar e capacidade de raciocínio dos alunos portugueses é influenciado pelo seu nível sócio-económico, sobretudo nas disciplinas de matemática e português. Este trabalho não foi desenhado para ser estatisticamente representativo da realidade nacional, mas reúne uma amostra de oito mil alunos, o que torna as conclusões pertinentes para avaliar a educação em Portugal.
O programa AVES - que decorre também em Espanha - resulta da adesão voluntária da escola à avaliação e aborda conhecimentos, competências e valores, enquadrados num contexto sócio-económico. Ontem, foram apresentados no Porto os primeiros resultados.
preparação. Comparando as competências de raciocínio numérico, verbal e abstracto com os resultados para os mesmos níveis de escolaridade de há 20 anos atrás (quando foi aplicada pela primeira vez a bateria de aferição), os investigadores notaram que os estudantes do 7º ano demonstram capacidades abaixo das de 1985. Mas esta é uma situação que pode ser explicada pelo facto de a população estudantil ser hoje muito mais massificada. Por outro lado, a nível do 9º e 11º essa diferença já não é significativa, o que leva os investigadores do AVES a afirmar que "não há hoje alunos com competências superiores às dos alunos de há duas décadas". É ainda evidente que, sobretudo no 11º ano, há uma clara clivagem entre contextos sócio- económicos diferentes.
Em termos de conhecimentos, apenas os alunos do 11º ano apresentando uma tendência decrescente. Os do 7º e 9º demonstraram mais debilidades na aquisição de conhecimento do que na resolução de problemas. E, apesar da melhoria global, os desempenhos em estatística e probabilidades pioraram nos últimos três anos. A português, "as raparigas tendem a ter sistematicamente melhores resultados que os rapazes, à medida que se sobre no nível de escolaridade".