Uma melhor orientação educacional e um sistema claro para reconhecer aprendizagens anteriores promoveriam uma participação mais alargada em actividades educativas por parte dos adultos. Na Finlândia, que ocupa com orgulho um dos lugares cimeiros nas estatísticas europeias de educação de adultos, a participação em educação e formação tende a favorecer excessivamente as pessoas que já possuem maiores qualificações.
A educação de adultos finlandesa caracteriza-se por um leque diversificado de cursos, que são oferecidos pelo país inteiro e que recebem um significativo apoio estatal, tanto para a educação de adultos de base profissional como para a educação de adultos não-formal. Dado que as atitudes relativamente à educação são neste país, de uma maneira geral, positivas, o resultado tem sido uma participação entusiasta. De acordo com Eurostat, em 2003, mais de 40% dos adultos finlandeses entre os 25 e os 64 anos participaram em actividades de educação ou formação. No entanto, um exame mais atento revela que esta participação é desequilibrada: a participação em educação é maior por parte dos homens e mulheres que são já mais qualificados, enquanto a maioria dos que estudam nos seus tempos livres são mulheres de meia-idade.
Em anos recentes, o Ministério da Educação da Finlândia, juntamente com o Ministério do Trabalho e organizações do mercado de emprego, envidaram esforços no sentido de elevar o nível educacional dos activos que possuem apenas o ensino básico. “Noste”, um programa especificamente concebido, oferece formação gratuita, tanto para os empregados como para os empregadores. E, todos os anos, este programa tem atraído milhares de adultos como estudantes. Constatam-se resultados idênticos com o sistema de qualificações baseado em competências, através do qual os adultos conseguem obter um certificado pelas competências profissionais que adquiriram no trabalho.
Uma participação mais alargada na educação contínua seria também estimulada caso se garantisse o reconhecimento do que se aprendeu de forma não oficial na educação não-formal de adultos e na vida quotidiana.
Modos de validar as aprendizagens
Os objectivos de desenvolvimento acima descritos encontram-se também inseridos na recente Comunicação da Comissão Europeia, Adult Learning: It is never too late to learn. Eeva-Inkeri Sirelius, Directora da organização federativa que representa a educação não-formal de adultos na Finlândia, e igualmente Vice-Presidente da Associação Europeia de Educação de Adultos (EAEA), considera esta Comunicação muito importante, dado que considera a educação de adultos como uma área independente da educação e que nela a CE indica pistas importantes para futuros desenvolvimentos. De entre as cinco mensagens dirigidas pela Comissão aos seus Estados-Membros, a Srª Sirelius considera a directiva sobre o reconhecimento dos resultados das aprendizagens não-formais e informais como particularmente relevante do ponto de vista do seu país. “O que é importante é elevar o perfil da educação de adultos não-formal. Ao mesmo tempo, precisamos de considerar o tipo de meios – uso de documentação, descrição de cursos e portfolios – que poderemos adoptar para descrever tais aprendizagens. Precisamos ainda de desenvolver as competências dos estudantes para avaliarem a sua própria aprendizagem,” afirmou a Srª Sirelius.
Vários trabalhos estão a ser efectuados relativamente ao reconhecimento das aprendizagens prévias, por exemplo no âmbito do projecto europeu REFINE
www.eucen.org/refine.html.
Segundo a investigação que tem sido realizada, o reconhecimento das aprendizagens feitas na educação de adultos não-formal é ainda raro e inconsistente, tanto no âmbito do ensino formal como do mundo do trabalho. O problema reside nas atitudes, pois nem sempre se confia na qualidade da educação de adultos não-formal.
Enfoque nos imigrantes e cidadãos seniores
A segunda mensagem da Comissão, para a qual a Srª Sirelius chama a nossa atenção, tem a ver com medidas que facilitem a participação por parte de imigrantes e de pessoas mais idosas.
“Na Finlândia, falamos em aumentar a educação e formação disponível para imigrantes. Por outro lado, os cidadãos seniores não receberam até hoje qualquer prioridade ou orientação especial. Espero que se façam a partir de agora esforços nestes dois sentidos.”
Na opinião da Srª Sirelius, a educação não-formal de adultos na Finlândia, dada a sua vasta cobertura, pode oferecer uma via fácil e segura para que cada pessoa encontre o seu próprio itinerário de aprendizagem ao longo da vida.
“Estamos conscientes do actual fenómeno de desequilíbrio na educação e nas aprendizagens e, por isso, temos que encorajar as pessoas com maior tendência para a passividade ou para o isolamento a participarem em actividades de formação e de educação. Isto exige que se promovam acções de aconselhamento, orientação e motivação pró-activa (“outreach”).
Boas práticas como instrumentos de aprendizagem
A Srª Sirelius pensa que as mensagens da Comissão Europeia sobre educação de adultos deverão ser inscritas no Plano de Desenvolvimento do Ministério da Educação finlandês para 2007-2012. A política educacional da UE é, de facto, congruente com a da Finlândia e a UE tem aqui um forte impacto, apesar das fortes tradições que já existem no nosso país neste domínio. Têm aumentado os programas de formação europeus, acima de tudo, os de mobilidade entre estudantes universitários. Na formação profissional, também se vislumbram possibilidades de programas de intercâmbios visando ganhar experiência de trabalho ou estudar noutro país da UE.
“As verbas europeias atribuídas à educação de adultos têm sido pequenas e em princípio destinadas a projectos que envolvem sobretudo peritos nas áreas da educação”, diz a Srª Sirelius. No entanto, o novo programa integrado (“Lifelong Learning Programme”) vem disponibilizar fundos para a mobilidade dos estudantes adultos.
A Comunicação da Comissão dá uma importância particular à disseminação das boas práticas. Com que prática finlandesa poderiam aprender os demais países europeus?
“A educação de adultos não-formal requer financiamento público, a fim de se garantir a igualdade no campo da educação e o acesso aos serviços. A autonomia da educação de adultos não-formal é também algo que outros países poderão querer adoptar. A autonomia salvaguarda a liberdade de pensamento e encoraja uma atitude crítica. Resulta da sabedoria dos ousados”, explica Eeva-Inkeri Sirelius.
fonte:
http://www.eaea.org/news