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ALCOCHETADAS

Temas e notícias diversas sobre questões relacionadas com o ensino, actividades escolares, questões sociais e das novas tecnologias.

ALCOCHETADAS

Temas e notícias diversas sobre questões relacionadas com o ensino, actividades escolares, questões sociais e das novas tecnologias.

27
Ago06

Pe de guerra


marquesarede

infancia.jpg"Os professores andam em pé de guerra. Como os professores são normalmente distantes uns dos outros, os seus pés de guerra andam por aí semeados como pés de salsa, espalhados pelo País. De norte a sul.Os professores estão descontentes. Com a vida que lhes corre mal, porque ninguém os valoriza; com os colegas, que só se interessam por resolver a sua vidinha; com os alunos, que os desconsideram e maltratam; e, acima de tudo, com o Governo da nação, que os desvaloriza, os desautoriza e os desmoraliza.Nunca fui um estudante fácil e sabia, que um professor desautorizado era um homem (ou uma mulher) morto na escola. Não quero dizer fisicamente mas profissionalmente. Como sempre fui bom observador, conhecia de ginjeira os professores fortes e os professores fracos. Os fortes resolviam, por si próprios, a questão. Alguns pela autoridade natural do seu saber e da sua atitude, outros de forma menos académica. Os fracos eram defendidos pelos reitores. Ir à sala de um reitor era, já por si, um terrível castigo. Mas bem me lembro que professores fracos e fortes, bons e nem por isso, se protegiam, se defendiam e se reforçavam na sua autoridade comum.Já nesse tempo se percebia que tinha de ser assim, porque, se não fosse, os pais comiam-nos vivos e davam-nos, já mastigados, aos filhos relapsos. E isso a escola não consentia.Os pais, dito assim de forma perigosamente genérica, sempre foram entidades pouco fiáveis em matéria de juízo sobre os seus filhos e, por isso, sobre quem deles cuida, ensina e faz crescer. Os pais sempre foram o pavor dos professores de natação, dos técnicos do futebol jovem, dos animadores das corridas de rua. Os pais, em casa, acham os filhos umas pestes; mas na escola, no campo desportivo, no patamar da casa do vizinho, acham os filhos virtuosos e sábios. Os pais são, individualmente, insuportáveis e, colectivamente, uma maldição.Claro que há pais... e pais. E vocês sabem que não me refiro aos pais a sério, que são capazes de manter a distância e o bom senso. Falo dos outros, dos pais e das mães que acham sempre que os seus filhos deviam ser os capitães da equipa e deviam jogar sempre no lugar dos outros filhos. O trágico disto tudo é que são precisamente esses pais os que, na escola, se acham verdadeiramente capazes de fazer a avaliação, o julgamento sumário dos professores dos seus filhos, achando que eles só servem para fazer atrasar os seus Einsteinzinhos. Por isso eu aqui me declaro a favor dos professores.
27
Ago06

vicios


marquesarede

A escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos.Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização.Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia.Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades.Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade.Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica.Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável.Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã.Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas.Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português.A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o Rock in Rio ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária).Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar aqui-d'el-rei! contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos.Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari.Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco. Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de condottiere implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa.Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a- -terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais.Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo.E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país.Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.
Vasco Graça Moura


27
Ago06

copianços


marquesarede

Um auricular escondido no cabelo comprido, um micro "auxiliar de memória" em tamanho de cromo, uma mensagem no telemóvel, o espírito santo de orelha. As técnicas são às dezenas e dependem das oportunidades e da criatividade de cada um. Mas uma coisa é certa copiar faz parte do currículo dos universitários portugueses. A acreditar nos números de um estudo efectuado em Portugal, três quartos dos alunos já copiaram. Viagem ao mundo da hipocrisia onde as notas reflectem mais a habilidade do que o conhecimento...

De acordo com o estudo "Copianço nas universidades o grau zero da qualidade", da autoria do sociólogo Ivo Domingues, 71% dos 1100 alunos inquiridos reconhecem copiar. E a carga moral da assunção de uma conduta desviante pode ter calado mais do que um. Serão "três quartos" no total. Desses, quase metade recorre a copianços pessoais e 70% socorre-se da solidariedade alheia. Mais: 90% dizem que "tanto copiam os maus como os bons alunos", assim construindo a justificação de que copiar é devolver a justiça a um sistema em que, não raras vezes, o estudante ideal não passa de representação.

Posta a nu, a prática da fraude escolar revela sobretudo o quão enganado anda meio mundo. O objectivo dos estudantes não é adquirir competências, mas antes conseguir o canudo o mais facilmente possível. "Todos procuram copiar quando necessitam", o que, segundo o sociólogo, "denuncia uma frequência escolar mais orientada para o sucesso certificado e nominal do que para o sucesso substantivo e real".

A conclusão é ousada, sobretudo vinda de um docente universitário as notas que deveriam "revelar o grau de excelência escolar dos licenciados" acabam por reflectir "habilidades periféricas dos estudantes" e, sobretudo, "a incapacidade real da universidade para medir o seu real desempenho". No final temos um país prejudicado, reflectindo a mania bem lusitana do desenrascanço (ver entrevista).

E, por muito que a prática não seja exclusiva de Portugal - um artigo recente da revista Newsweek destapa o véu sobre uma realidade que se estende dos EUA à Coreia do Sul, passando pelo Reino Unido e China -, já trouxe dissabores a alguns portugueses. "Há histórias de estudantes que foram estudar para países nórdicos e acabaram identificados como não desejáveis, pela sua predisposição para a fraude. Há até um caso de denúncia de um protocolo internacional", conta Ivo Domingues.

Atentando nos hábitos, o estudo - que a editora Formal Press deve lançar ainda este mês - revela que 95% dos universitários que assumem copiar já o faziam no secundário. Mas apenas metade inicia a burla no primeiro semestre. No final do primeiro ano, são já dois terços os copiantes activos, que ascendem a 80% depois de 18 meses nos anfiteatros do saber.

Sabe-se ainda que os rapazes são mais adeptos da fraude do que as raparigas e que as engenharias são as maiores produtoras de cabulice. Cerca de 60% dos futuros engenheiros que completam o curso com copianço arranca logo na primeira ronda de exames, sendo também destes cursos os alunos que mais recorrem à cabula pessoal (61%). O uso da solidariedade dos colegas é mais forte em ciências sociais (77%) e da natureza (73%).

Analisando o campo dos porquês, acaba-se com alguma réstia de crença nas universidades. Reina o calculismo. Numa escala de importância zero a dez, copiar para ter positiva reúne 7,4 pontos e a cábula para melhorar a nota leva 6,6. Nas terceira e quarta posições aponta-se o copianço como auxiliar de memória e a falta de preparação. Em último lugar, copia-se para não se ser prejudicado em relação a quem o faz com sucesso.

Há quem não copie quando está preparado ou é impedido de o fazer pelo professor. E há quem nunca o faça por medo de ser apanhado (44%). Apenas 41% dizem não à cábula por valorizarem a genuinidade dos resultados. "De uma forma geral, não há muitos bloqueios morais. Quem não copia não o faz por não poder ou não precisar".

Culpa do sistema? Sim, porque começa por favorecer "o sucesso estatístico". Depois, desmotiva a participação na aula, que obrigaria ao estudo permanente e à consulta de material extra. Por fim, rodeia o exame de todo um ritual inquestionável.

(publicado, originalmente, no Diário de Notícias de 5 de Julho de 2006)
27
Ago06

evoluções


marquesarede

Adolescentes britânicos criam toque de telemóvel para enganar os adultos (...)

O novo toque, à prova de maiores de 29, é semelhante a um apito. Emitido numa frequência de 17 kilohertz, produz um ultra-som - tão agudo que o ouvido adulto já não é capaz de escutar, devido à perda gradual de audição que acontece à medida que envelhecemos.(...)
Ninguém sabe muito bem quem conseguiu inventar este toque. Sabe-se apenas que a ideia se baseia num alarme criado pela Compound, uma pequena empresa de segurança britânica. O mais curioso é que o objectivo desse alarme, chamado Mosquito, é, precisamente, irritar os ouvidos dos adolescentes que passam demasiado tempo a namorar as lojas, sem comprar nada, ou a provocar distúrbios que atrapalham o negócio. (...)


A principal diversão é fazer tocar o telemóvel nas aulas, sem que os professores se apercebam. (...)

Não sei o que me chamou mais a atenção nesta notícia do DN: se a sofisticação tecnológica envolvida ou se os métodos usados por certas lojas para discriminarem os adolescentes.


Adolescentes britânicos criam toque de telemóvel para enganar os adultos


Sofia Jesus

A história, insólita, traz boas e más notícias. Boas para os pais que pensavam em atirar o telemóvel dos miúdos pela janela, por já não aguentarem ouvi-lo tocar a toda a hora. E más para os professores que acreditavam ter finalmente conseguido sossegam nas aulas, depois de terem proibido o uso do telefone na sala. Confuso? A explicação está na última invenção dos adolescentes ingleses: arranjaram um toque de telemóvel tão especial que os adultos não conseguem ouvi-lo... Uma traquinice que ameaça virar moda.

O novo toque, à prova de maiores de 29, é semelhante a um apito. Emitido numa frequência de 17 kilohertz, produz um ultra-som - tão agudo que o ouvido adulto já não é capaz de escutar, devido à perda gradual de audição que acontece à medida que envelhecemos (ver caixa).

Ninguém sabe muito bem quem conseguiu inventar este toque. Sabe--se apenas que a ideia se baseia num alarme criado pela Compound, uma pequena empresa de segurança britânica. O mais curioso é que o objectivo desse alarme, chamado Mosquito, é, precisamente, irritar os ouvidos dos adolescentes que passam demasiado tempo a namorar as lojas, sem comprar nada, ou a provocar distúrbios que atrapalham o negócio. Um altifalante emite o beep ultra-sónico e, ao fim de poucos minutos, garante a empresa, não há adolescente que aguente. O ruído é incómodo para quem tem menos de 18 anos, mas inaudível a partir dos 30.

Agora, o feitiço parece ter-se voltado contra o feiticeiro. Ou talvez não... Os miúdos ingleses arranjaram um modo de conseguir usar essa mesma frequência - inaudível para os adultos - num toque de telemóvel. Missão: gozar com os adultos. E não foi preciso muito para a moda cruzar o Atlântico, via Internet.

A principal diversão é fazer tocar o telemóvel nas aulas, sem que os professores se apercebam. Os docentes de uma escola em Manhattan, contava o New York Times, nem queriam acreditar quando descobriram.

Quem não se mostra nada incomodada com a adulteração do Mosquito é a própria Compound. A empresa - com apenas duas pessoas - não perdeu tempo e lançou já a sua versão oficial de um toque para telemóvel emitido na mesma frequência do alarme. O download do Mosquitotone está disponível no site e promete trazer lucros avultados. Segundo a BBC, o toque foi posto à venda a 9 de Junho e só nos primeiros cinco dias foi comprado por mil ingleses. Agora, a empresa prepara uma mega-campanha na TV e na rádio, que reverterá ainda mais a seu favor a diabrura dos rebeldes geniozinhos.

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