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ALCOCHETADAS

Temas e notícias diversas sobre questões relacionadas com o ensino, actividades escolares, questões sociais e das novas tecnologias.

ALCOCHETADAS

Temas e notícias diversas sobre questões relacionadas com o ensino, actividades escolares, questões sociais e das novas tecnologias.

24
Jul06

principios gerais


marquesarede

avaliacao_profs.jpgO Ministério da Educação definiu princípios orientadores para a organização e a distribuição do serviço docente, tendo em conta o papel a desempenhar pelos órgãos de gestão das escolas, de modo a garantir a plena ocupação dos alunos dos ensinos básico e secundário durante o período de permanência no estabelecimento escolar.

A experiência acumulada ao longo deste ano lectivo e o acompanhamento de boas práticas desenvolvidas pelas escolas foram fundamentais para a consolidação e o aperfeiçoamento dos princípios orientadores relativos à organização e à distribuição do serviço docente nos estabelecimentos escolares.

O acompanhamento das práticas desenvolvidas pelas escolas quanto à organização e distribuição do serviço docente foi o objectivo do grupo de trabalho conjunto, integrado por elementos do Ministério da Educação (ME) e por representantes da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), da Associação Sindical dos Professores da Pró-Ordem e do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Secundário.

Na sequência do trabalho realizado junto dos estabelecimentos de ensino, este grupo procedeu não só à identificação dos constrangimentos, mas também ao levantamento de boas práticas, com o intuito de propor soluções que contribuam para assegurar o aproveitamento eficiente e racional dos recursos humanos existentes na escola, de modo a garantir o acompanhamento educativo dos alunos dos ensinos básico e secundário durante o período de permanência no espaço escolar.

De acordo com as sugestões apresentadas no relatório final do grupo de trabalho, o ME definiu princípios orientadores para a organização e à distribuição do serviço docente, tendo em conta o papel a desempenhar pelos órgãos de gestão dos estabelecimentos, no âmbito da autonomia das escolas.

Organização do horário docente

Os conselhos executivos determinam o número de horas da componente não lectiva de estabelecimento − que não pode ser inferior a uma hora −, tendo em conta o serviço docente distribuído, nomeadamente o número de níveis e de programas leccionados, as cargas horárias das disciplinas atribuídas, a diversidade dos anos de escolaridade, o número de alunos por turma, o carácter teórico-prático da disciplina e a diversidade dos problemas de aprendizagem.

Nos horários dos docentes tem de ser registada a totalidade das horas lectivas e das horas da componente não lectiva a nível de estabelecimento, ficando excluídas a componente não lectiva individual e as reuniões legalmente convocadas.

A componente não lectiva de estabelecimento dos educadores de infância e dos professores do 1.º ciclo é utilizada na supervisão pedagógica e no acompanhamento das actividades de apoio à família e de enriquecimento curricular.

As actividades de apoio ao estudo no 1.º ciclo são asseguradas pelo professor titular de turma, desde que não possam ser realizadas por docentes do agrupamento que, entre outras situações, não tenham horário lectivo atribuído ou tenham insuficiência de tempos lectivos.

A componente não lectiva individual destina-se à preparação das aulas e à avaliação dos alunos, bem como à elaboração de estudos e de trabalhos de investigação de carácter pedagógico ou científico-pedagógico.

Constituição de equipas pedagógicas

A estabilidade do corpo docente, assegurada pelo novo regime legal dos concursos, possibilita a constituição de equipas pedagógicas que acompanhem os alunos ao longo de um ciclo de escolaridade, assumindo a responsabilidade pela evolução das suas aprendizagens.

Estas equipas pedagógicas, integradas pelos professores das diferentes disciplinas do ano de escolaridade e pelos docentes de educação especial, iniciam funções após o período de matrículas dos alunos, evolvendo-se nas tarefas de constituição da turma e de análise do percurso escolar dos alunos.

Perante o diagnóstico efectuado, que deve mencionar as características e as dificuldades de aprendizagem dos alunos, as equipas elaboram o plano curricular de turma, no qual explicitam as estratégias a desenvolver para ultrapassar as dificuldades identificadas.

Tendo em vista a melhoria dos resultados escolares dos alunos, as equipas devem desenvolver a mais estreita articulação na planificação das actividades lectivas, bem como das de complemento e enriquecimento curricular e apoio educativo, de modo a prevenir a repetência e promover o sucesso escolar.

No final do ano, as equipas procedem a uma rigorosa avaliação do trabalho realizado, antes de planearem o ano lectivo seguinte.

Informação aos pais e aos encarregados de educação

• No início do ano lectivo, as escolas devem facultar aos pais e aos encarregados de educação os currículos de cada disciplina e o número de aulas previstas, por disciplina, para cada turma.
• No final de cada período, o director de turma deve informar os pais sobre os conteúdos programados e leccionados em cada uma das disciplinas, bem como sobre o número de aulas previstas e dadas.

Ocupação plena dos tempos escolares

Os agrupamentos e as escolas são responsáveis pelo acompanhamento educativo dos alunos durante o período de permanência no espaço escolar.

Para que esse acompanhamento seja efectivamente assegurado, as escolas devem definir um plano anual de distribuição de serviço docente que assegure a ocupação dos alunos dos ensinos básico e secundário, em caso de ausência do professor titular de turma ou de disciplina.

Tendo em vista garantir o cumprimento dos programas, o professor deve, sempre que possível, entregar ao conselho executivo o plano da aula a que irá faltar.

O conselho executivo, na posse do plano da aula, deve providenciar para que a mesma seja leccionada por um professor com formação adequada, dando preferência aos docentes do quadro cuja componente lectiva necessite de ser completada.

Quando tal não for possível, devem ser organizadas actividades de enriquecimento e complemento curricular, entre as quais se contam as seguintes actividades educativas:

• actividades em salas de estudo;
• clubes temáticos;
• actividades de uso das tecnologias de informação e comunicação;
• leitura orientada;
• pesquisa bibliográfica orientada;
• actividades desportivas orientadas e actividades oficinais, musicais e teatrais.

Para mais informações, consultar o Despacho n.º 13 599/2006 (2.ª série), de 28 de Junho.

30 de Junho de 2006
24
Jul06

Quem tem medo de avaliações?


marquesarede

A avaliação dos pais
(transcrito de galoverdeblogsport.com)


A ministra da Educação resolveu decididamente levar por diante alterações profundas no Ensino. Ninguém desmente que os resultados do Ensino e as qualificações profissionais com que os alunos saem da escola, são os piores da Europa. Ninguém põe isso em causa. Nem governantes, nem eleitores, nem os pais nem os próprios professores.

Há menos alunos que anteriormente, há pouco mais professores, há muito mais despesa. E os resultados são piores. Sabendo-se que 85% da despesa no Ensino é feita com encargos com pessoal é fácil de concluir para onde vai o excesso de despesa.

A ministra tem em mãos duas frentes de luta. Por um lado é necessário alterar metodologias, horários, programas e projectos educativos. Por outro lado é necessário racionalizar e gerir melhor os recursos humanos deste ministério.

Ela insiste que no Ensino, o beneficiado principal são os alunos e a sua educação, sendo os professores um dos instrumentos para atingir esse objectivo. Do mesmo modo na Saúde, o objectivo principal é o doente e a sua cura, sendo o corpo médico um dos meios para atingir esse objectivo.

Ora isso nunca foi visto assim até hoje e os sindicatos da Educação recusam aceitar este ponto de vista. Sempre que se fala em Ensino e nos seus problemas, fala-se de professores e das suas carreiras.

Era previsível que qualquer ministra que estivesse resolvida a tocar nestes interesses instalados, defendidos por dois sindicatos habituados a ganhar sempre nas mesas de negociação, só viesse a comprar uma longa guerra. E uma guerra onde vale tudo.

Quando a ministra resolve avaliar os professores como única forma de escolher os melhores para os premiar, e separar os piores para não viverem às custas dos primeiros em subidas automáticas de carreira sem qualquer mérito, aqui del-rei, cai o Carmo e a Trindade.

Toda a gente deve ser avaliada sob vários prismas e de modo exterior quando possível. Não fazia o mínimo sentido que fosse o Sindicato a fazer essa avaliação. E como eles gostariam de a fazer...

A ministra repetitivamente afirmou que a avaliação dos pais será minimalista e é só mais um dos indicadores que uma comissão terá em conta.

O corporativismo criado pela FNE e FENPROF apoiado nos 120 mil potenciais ou já professores, está bem ensaiado e tem feito de tudo para passar a sua mensagem de desagrado e principalmente demonstrar que esta ministra não serve. Não vai ao encontro das suas pretensões. Não procede como todos os anteriores ministros da educação.

Como em todas as guerras psicológicas há que localizar a atenção dos ouvintes em duas ideias simples e martelá-las até que não restem dúvidas. Uma mentira mil vezes repetida, transforma-se em verdade.

E as ideias escolhidas foram:
1 – Esta ministra não tem tacto para tratar com os professores, generalizando e acusando-os de serem os únicos culpados do mau Ensino.
2 – A avaliação feita pelos pais é um erro, já que os pais não têm capacidade para o fazer.

A primeira ideia é usada pelos sindicatos até à exaustão, aproveitando para espicaçarem o brio profissional dos professores e conseguir a sua adesão, mas nunca referindo em que circunstância e com que frase a ministra procedeu desse modo.

A segunda é mais para consumo popular, de comentário jornalístico e bloguístico. Até o humorista JPGomes já foi convencido a gravar um clip que circula pelos emails. Escamoteia-se o pequeno peso que a avaliação dos pais tem na avaliação geral de cada professor e faz-se crer que a avaliação dos professores está nas mãos dos pais. Que importará que um ou mesmo dois pais tenham uma opinião negativa dum professor, se esse professor tem um curriculum de informações positivas e os restantes pais não subscrevem aqueles dois?

Depois avança-se com os pais analfabetos, ou os pais que nunca vão à escola, ou os pais chantagistas, ou ... Os pais que não vão às escolas não avaliam. Quem não sabe ou não tem dados para avaliar, não avalia. Mas haverá muitos pais que têm excelentes informações do professor e poderão expressá-lo. E se numa turma a generalidade dos pais tiver queixas duma determinada professora, é bom que a comissão de avaliação saiba disso, investigue e resolva o diferendo.

Mas quem são estes pais analfabrutos e chantagistas sem competência alguma? São os mesmos pais que são chamados a eleger o Presidente da República e os Governos (e não sabem governar); são os mesmos pais que avaliam correctamente o Prior da aldeia (e não sabem dizer missa); são os mesmos pais que se informam junto de outros sobre a avaliação dum determinado médico antes de se meterem numa operação cirúrgica; são os mesmos pais que avaliam todas as instituições, empresas, comércio etc, que lhes prestam algum serviço; são os mesmos pais que respondem aos inquéritos de satisfação à saída dum hotel ou dum centro comercial.

Não sejamos ingénuos! Todos nós já tropeçámos em excelentes professores que gostaríamos de incentivar e referir de algum modo, e em “professores” unanimemente reconhecidos com deficiências pedagógicas quando mesmo inadaptados para a função.

Este diferendo só acontece por se tratar de Escolas públicas onde a falta de avaliação era uma protecção para os menos capazes, e onde os melhores também passavam bem sem elas no receio de serem mal avaliados. No sector privado isto não acontece. Fui por várias vezes fazer formação em multinacionais e no fim do curso preenchia-se sempre um questionário sobre o monitor e o modo como tinha conduzido o curso. Em garagens de marca depois do arranjo duma viatura, preenche-se um exaustivo questionário sobre o grau de satisfação com os vários intervenientes na prestação de serviços. Nessas empresas a avaliação é essencial para melhorar a performance.

Na Saúde pouco se tem feito, se esquecermos as farmácias e o fecho das maternidades. Na Justiça ainda menos se fala de reestruturação e os processos continuam a prescrever depois de milhares de folhas cozidas a cordel com se fazia no século passado. Espero que no Ensino, esta ministra consiga, apesar dos bloqueios, fazer um pouco mais e melhor para bem dos alunos dos professores e do país.


in galoverdeblogsport.com
24
Jul06

opiniões a ter em conta-I


marquesarede

Artigo de ANTÓNIO BORGES, EX-DEAN DO INSEAD, EM FONTAINEBLEAU, FRANÇA; MEMBRO DO CONSELHO DE GOVERNADORES DE WELLINGTON COLLEGE, EM INGLATERRA E MEMBRO DO CONCELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE BOCCONI, EM ITÁLIA.

Público, 18.Jun.2006


Todos os governos têm bons e maus ministros. O actual Governo não é excepção: alguns ministros são excelentes, outros desastrosos.

A mais agradável surpresa entre os actuais governantes é provavelmente a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. A actuação da ministra da Educação tem sido, desde o primeiro dia, extremamente certeira. Começou pela decisão, muito impopular mas não menos importante, de mandar encerrar escolas com um número insuficiente de alunos. Não é sério discutir-se constantemente os problemas de uma evolução demográfica muito preocupante, com muito baixa natalidade e o envelhecimento dramático da população, e esquecer que essa realidade implica necessariamente reduzir a oferta de serviços públicos dirigidos às crianças.

Mais recentemente a ministra começou a atacar o problema do insucesso escolar. Todos reconhecem que este é um dos problemas mais graves com que o país se defronta. Apesar de Portugal ser um dos países do mundo que mais gasta em Educação, os resultados são muitíssimo insatisfatórios. Estamos num dos últimos lugares na Europa no que respeita ao nível educacional da nossa população. Arriscamo-nos mesmo a ser ultrapassados pela Turquia, país bem mais pobre e atrasado do que Portugal. É impossível pensar-se numa economia desenvolvida e moderna – com ambições de acompanhar o desenvolvimento baseado no conhecimento e de pôr em prática um ambicioso plano tecnológico – e manter um nível de insucesso escolar comparável ao dos países do Terceiro Mundo. Os nossos jovens deixam a escola com muito poucos conhecimentos; pior ainda, saem com o sentimento de que a exigência não interessa, que os exames são uma aberração, que a escola não os ajuda na sua vida e na sua realização profissional.

A grande controvérsia que hoje impera no mundo da educação resulta de a ministra ter afirmado que os professores também são responsáveis pelo insucesso escolar. E, no entanto, nada é mais natural: os professores têm uma missão bem definida, muitíssimo importante e insubstituível – educar. Se a educação não está bem, se o insucesso escolar se tornou num problema gravíssimo, os professores não podem em caso algum dizer que não têm nada a ver com o assunto, que a responsabilidade não é sua, que outros são os culpados. São eles quem dia a dia recebe as crianças, com a extraordinária missão de lhes transmitir conhecimentos, de os formar, de os preparar para a vida profissional e para o papel que cada um deve desempenhar na sociedade. O seu trabalho é dos mais nobres e dos mais importantes em qualquer sociedade. Por isso mesmo, tem de ser concretizado com grande seriedade e profissionalismo, respondendo a níveis de exigência muito altos.

Há evidentemente muitos bons professores em Portugal; há também muitos outros que encaram o seu trabalho como uma rotina que tem de ser cumprida, sem qualquer preocupação com os resultados. Daí que, de facto, a primeira prioridade na melhoria da acção educativa tenha de ser uma séria avaliação dos professores, com grande capacidade de discriminação entre bons e maus, com recompensas tangíveis para os bons e sanções pesadas para os maus. Depois de muitos anos em que todos os professores são classificados como muito bons e em que todos sem excepção sobem automaticamente ao topo da carreira, é imperativo que se reintroduza alguma seriedade na avaliação e que se restabeleça a meritocracia como critério único de progresso na carreira.

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Toda a nossa administração pública é avessa à avaliação. Os seus sindicatos dos professores consideram-na mesmo um insulto, com o argumento que visa poupar dinheiro. A realidade é bem diferente: a pedra-de-toque de uma grande organização é a disponibilidade para aceitar uma avaliação séria, exigente e independente. Ao combatê-la, os professores prestam um péssimo serviço aos alunos, que vão ser avaliados sempre, pela vida fora.
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Toda a administração pública portuguesa é avessa à avaliação. Muitos professores e, sobretudo, os seus sindicatos consideram a avaliação insultuosa, com o argumento falacioso que se destina apenas a poupar dinheiro. A realidade é bem diferente: a pedra-de-toque de qualquer grande organização é a sua disponibilidade para aceitar uma avaliação séria, exigente e, sobretudo, independente. Ao recusarem a avaliação, os professores - ou alguns deles - estão a prestar um péssimo serviço aos seus alunos: eles vão ser avaliados sempre, pela vida fora. Bem ou mal, essa avaliação determinará o sucesso ou insucesso que terão nas suas vidas. E quase sempre a. avaliação será exercida de forma exigente e decisiva, pelo mercado, pela profissão, pelos destinatários da sua actividade. Os professores não podem argumentar que o que se aplicará aos seus alunos não é válido para eles próprios.

A essência de qualquer processo de avaliação é o seu carácter discriminatório. Os professores, como quaisquer outros profissionais, têm de aceitar que há muito bons, bons, medíocres e maus. Daí que as quotas sejam absolutamente essenciais em qualquer processo sério de avaliação. Se, como, até aqui, a avaliação classifica todos bons ou muito bons, estamos perante uma enorme farsa, que justamente corresponde à negação do conceito de avaliação. Por último, a participação dos pais no processo de avaliação dos professores é fundamental. Os pais são os principais interessados na boa educação dos seus filhos. Melhor do que ninguém, eles sabem o que é melhor para as crianças. É aberrante que, reconhecendo a todos sem excepção a capacidade e competência para avaliar e escolher quem nos governa, não aceitemos aos pais a capacidade e competência de avaliar quem educa os seus filhos. Em todas as melhores universidades do mundo os professores são avaliados pelos alunos. Não é, evidentemente, a única avaliação, nem talvez a mais importante; mas tem a vantagem de reflectir o ponto de vista daqueles a quem a acção educativa se destina. Nas escolas primárias e secundárias têm naturalmente de ser os pais a desempenhar esse papel.

Convém aliás recordar que os pais já hoje avaliam os professores em todas as escolas do ensino particular. E essa avaliação é a mais radical e definitiva: quando não estão satisfeitos, os pais retiram os filhos da escola e mudam para outra. Se o princípio da participação dos pais na avaliação não se aplicar nas escolas do Estado, estamos apenas a retirar aos pais que optem por essas escolas um direito fundamental: o de terem uma palavra a dizer sobre a educação dos seus filhos.

As frentes de batalha que, provavelmente contra a vontade da ministra, se vêm abrindo na educação são das mais decisivas para o futuro do país. O problema da educação não é o da falta de recursos - antes pelo contrário, é o do esbanjamento de recursos. É indispensável repor uma grande seriedade na acção educativa, o que implica o empenhamento dos professores, os únicos que podem de facto fazer a diferença. A avaliação é uma peça fundamental da renovação que se exige na educação. E a participação dos interessados, a quem a educação se destina, é uma garantia de seriedade e de independência.

Maria de Lurdes Rodrigues trouxe ao Ministério da Educação uma extraordinária lufada de ar fresco. Pela primeira vez, desde há muitos anos, se estão a atacar os verdadeiros problemas de um sector fundamental da acção do Estado. Se for bem sucedida, ficaremos com outra esperança quanto à viabilidade da reforma do Estado em Portugal. Se ceder ou diluir as suas reformas face às posições retrógradas e corporativistas de quem se sente atingido no seu conforto e nos seus privilégios, então continuaremos com boas razões a duvidar do futuro do país.
24
Jul06

calendario


marquesarede

Calendário escolar para o ano lectivo 2006/2007

EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

Início: Entre 11 e 15 de Setembro
Fim: Entre 9 e 13 de Julho

Interrupções
1.ª Entre 18 de Dezembro e 2 de Janeiro
2.ª Entre 19 e 21 de Fevereiro
3.ª Entre 26 de Março e 9 de Abril


ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

1.º período
Início: Entre 11 e 15 de Setembro; Fim: 15 de Dezembro
2.º período
Início: 3 de Janeiro; Fim: 23 de Março
3.º período
Início: 10 de Abril; Fim: A partir a de 8 de Junho, para os 9.º, 11º e 12.º anos, e de 22 de Junho, para os restantes anos de escolaridade.

Interrupções
1.ª De 18 de Dezembro a 2 de Janeiro
2.ª De 19 a 21 de Fevereiro
3.ª De 26 de Março a 9 de Abril
24
Jul06

os desafios


marquesarede

QG_bullying.jpgA escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos.

Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização.

Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia.

Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades.

Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade.

Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica.

Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável.

Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã.

Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas.

Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português.

A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o Rock in Rio ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária).

Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar aqui-d'el-rei! contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos.

Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari.

Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco. Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de condottiere implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa.

Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a- -terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais.

Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo.

E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país.

Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.


Vasco Graça Moura vgm@mail.telepac.pt
Escritor
24
Jul06

contra factos...


marquesarede

avestruz.jpgProfessores que se encontram a leccionar, integraram as equipas dos exames do 12º ano em Física e Química, e fizeram um péssimo trabalho.

A Sociedade Portuguesa de Química e da Associação de Professores de Matemática (APM), denunciou a existência de «incorrecções nos enunciados, alguma confusão na formulação das perguntas e desajustamento entre o tempo estipulado para a realização da prova e o efectivamente necessário», bem como «falhas nos critérios de avaliação». Dos alunos que estão a pedir a reapreciação das provas, está a confirmar-se que a grande maioria tem razão. Alguns professores não conseguiram mesmo fazer a prova satisfatóriamente.

A CONFAP protestou e a ministra da Educação decidiu que os alunos de Física e Química vão poder repetir os exames, com uma oportunidade para a melhoria de notas.

A FENPROF tenta desviar a atenção do mau trabalho das equipas de exame, acusando o Ministério de se ter precipitado na repetição das provas que fizeram aumentar para o dobro os níveis de reprovação relativamente ao ano anterior. Julga a FENPROF que seria melhor os alunos ficarem prejudicados a aceitar que um grupo de professores fez um mau trabalho.

É difícil ao comum dos mortais entender como uma equipa de professores (escolhidos...) faz uma prova com erros grosseiros, demasiadamente extensa para o tempo de execucução, não se dando ao trabalho de testar a sua exequibilidade junto de outros professores. Será que a ministra não deveria abrir um processo de averiguações para excluir a hipótese de má fé ou erro grosseiro, e para evitar que no futuro situações destas aconteçam?
24
Jul06

Aplaudir ou crucificar uma questão de bom senso


marquesarede

E que tal se crucificássemos a ministra da Educação? Em cerimónia pública, obviamente, na Praça do Comércio, por exemplo, onde ainda existem marcas (na nossa memória) das execuções inquisitoriais. Substituíam-se os archotes pelo fogo-de-artifício e armavam-se bancadas para o povão assistir ao espectáculo. Uma tribuna de honra, como é evidente, para os deputados que, quinta-feira, na Assembleia da República, deram largas a uma corajosa violência verbal, inteiramente justificada.

Senão vejamos. Num ano e meio de mandato a ministra da Educação teve a ousadia de nos privar daquelas emocionantes confusões dos concursos para professores. Era sempre um grande regabofe com problemas informáticos, manifestações à porta do Ministério, professores de imbambas às costas a saltarem de um lugar para outro.

A ministra, exibindo uma enorme arrogância e incompetência (não confundir com pragmatismo) realizou o concurso a tempo e horas e estabilizou o corpo docente ao determinar que os professores ficavam colocados por três anos na mesma escola. Já se viu tamanho desaforo?! Como se não bastasse, atirou-se ao primeiro ciclo do ensino básico e, imagine-se lá, impôs o inglês às criancinhas da primária, obrigou as escolas a funcionarem até às 17hOO com aulas, salas de estudo, actividades extra-escolares etc... e passou a pagar as refeições a todos os alunos, coisa nunca vista anteriormente.

Esta ministra é, de facto, um caso preocupante porque se lhe meteu na cabeça que a prioridade é a resolução dos impasses do sistema de ensino e os problemas do maior Ministério do País. Podia deixar tudo como estava, aceitar a agenda dos sindicatos, contemporizar com as suas anacrónicas reivindicações. Mas não. É hiperactiva, não foi tratada desses excessos quando era criança e o resultado está à vista.

Acabaram os furos no secundário que faziam o deleite da rapaziada. Reduziu de 1300 para 200 o número de professores que recebe salário do Estado para trabalhar nos sindicatos em vez de dar aulas. Negociou com as autarquias o fecho das escolas com menos de 10 alunos, garantindo transporte para outras escolas nas imediações e melhor ensino. Introduziu o princípio da avaliação na carreira dos professores e quer moralizar o processo das baixas médicas. Pretende, à viva força, que Portugal melhore os resultados escolares já que 7% do PIB (superior à média dos países da OCDE) é consagrado ao ensino.

Uma ministra assim, com estes propósitos, só achincalhada no Parlamento por aqueles brilhantes deputados que a interpelaram com grande educação e justeza... e crucificada na praça pública.

[Emídio Rangel - CM 22/Jul]

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