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ALCOCHETADAS

Temas e notícias diversas sobre questões relacionadas com o ensino, actividades escolares, questões sociais e das novas tecnologias.

ALCOCHETADAS

Temas e notícias diversas sobre questões relacionadas com o ensino, actividades escolares, questões sociais e das novas tecnologias.

30
Mar06

DEMISSÃO DOS ÓRGÃOS SOCIAIS


marquesarede

logo com texto preto 72dpi.jpg


No final do ano de 2004 um grupo de pais e encarregados de educação iniciou um novo ciclo de actividade desta Associação na Escola D. Manuel I. O grupo em causa possuidor de uma autonomia, de uma dinâmica e de uma motivação próprias, pugnou sempre, e na medida do possível, pela defesa dos interesses dos alunos: uma escola e um ensino público de qualidade.



Foi nosso objectivo colaborar e cooperar para que o nível de excelência fosse, gradualmente, atingido na Escola. No entanto, as relações institucionais, sempre leais e cordiais, que mantivemos com o Conselho Executivo, foram postas em causa, ultimamente, pelas atitudes de alguns elementos pelo que deixou de ser compatível o exercício das nossas funções na base dos critérios de lealdade e da verdade do discurso e das práticas.



Assim, perante os factos ocorridos, pelo avolumar das contradições do discurso, das práticas e do fomentar do “diz que disse”, não pode esta Associação continuar o seu caminho, por quebra de confiança e lealdade com o seu interlocutor institucional.



Entendemos que é necessário mais empenho e esforço de todos os agentes educativos neste projecto global que é o de fazer uma escola pública e um ensino de qualidade: maior participação dos pais, melhores condições físicas e de equipamento, maior financiamento e uma melhor gestão dos recursos humanos e materiais.



Cabe-nos agora encontrar alguém que possa continuar este caminho ou querer trilhar outro. Por isso, apelamos à sua participação na próxima Assembleia-geral da Associação. Compete a todos encontrar o caminho do futuro, para tal esteja presente no Sábado, dia 1 de Abril, pelas 15.30h, no átrio central da Escola .


 


A ordem de trabalhos é:


 


Ponto 1 - Informações (Análise e explicações das razões que levaram os Órgãos Sociais a apresentarem a demissão em bloco)


 Ponto 2 - Eleição de novos corpos sociais.


De igual modo, esta convocatória é, para além dos associados, para todos, professores, alunos, funcionários, enfim toda a comunidade escolar.



 


 

25
Mar06

Sinais dos tempos


marquesarede

Molecular.gifEste artigo analisa a mudança de paradigma de administração para gestão, que vem ocorrendo no contexto das organizações e dos sistemas de ensino, como parte de um esforço fundamental para a mobilização e articulação do talento humano e sinergia colectiva, voltados para o esforço competente de promoção da melhoria do ensino em Portugal e sua evolução.

O documento analisa questões relacionadas à condução e orientação das questões educacionais e delineia perspectivas para a orientação do trabalho de gestão competente, à luz de um paradigma dinâmico, mobilizador do talento humano e responsável pela transformação das instituições educacionais.

Gestão é uma expressão que ganhou corpo no contexto educacional acompanhando uma mudança de paradigma no encaminhamento das questões desta área. Em linhas gerais, é caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação e planeamento de seu trabalho.

O conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização do processo pedagógico, à participação responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efectivação mediante um compromisso colectivo com resultados educacionais cada vez mais efectivos e significativos.

Conforme afirmado em trabalho conjunto entre UNESCO e MEC, o director é cada vez mais obrigado a levar em consideração a evolução da idéia de democracia, que conduz o conjunto de professores, e mesmo os agentes locais, à maior participação, à maior implicação nas tomadas de decisão (Valérien, 1993:15).

A essa exigência estaria vinculada a necessidade de inter penetração da dimensão pedagógica e política, na questão administrativa. Em consequência, os antigos fundamentos de administração educacional seriam insuficientes - embora importantes - para orientar o trabalho do dirigente educacional com essa nova dimensão.

A dinâmica intensa da realidade e seus movimentos faz com que os fatos e fenómenos mudem de significado ao longo do tempo; as palavras usadas para representá-los deixam de expressar toda a riqueza da nova significação. Daí porque a mudança de designação de administração para gestão educacional, conforme o sentido que se verá mais adiante.

Problemas globais demandam acção conjunta

Entende-se que a questão do desenvolvimento da qualidade de ensino demanda uma orientação mais global e abrangente, com visão de longo prazo, do que tópica, localizada nas estimulações de momento e próximas.

Isso porque se tem observado, ao longo da história de nossa educação, que não se tem promovido a melhoria da qualidade do ensino por meio de acções que privilegiaram ora a melhoria de metodologia do ensino, ora o domínio de conteúdo pelos professores e sua capacitação em sentido mais amplo, ora a melhoria das condições físicas e materiais da escola.

Qualquer acção isolada tem demonstrado resultar em mero paliativo aos problemas enfrentados, e a falta de articulação entre eles explicaria casos de fracasso e falta de eficácia na efectivação de esforços e despesas para melhorar o ensino, dispendidos pelos sistemas de ensino.

Observa-se que existem escolas com excelentes condições físicas e materiais, em que os alunos vivenciam uma escolaridade conservadora; outras, em que o trabalho consciente de professores competentes perde-se no conjunto de acções pedagógicas desarticuladas; outras ainda que, embora tenham uma proposta pedagógica avançada e bem articulada, não conseguem traduzi-la em acções, por falta de sinergia colectiva.

Casos como esses indicam que embora existam certos instrumentos e condições para orientar um ensino de qualidade, estes se tornam ineficazes por falta de acções articuladas e conjuntas.
Firma-se, pois, o parecer de que falta, para a promoção de qualidade da educação, uma visão global do estabelecimento de ensino como instituição social, capaz de promover a sinergia pedagógica de que muitas das melhores instituições estão carentes.

Essa sinergia seria conduzida pela equipe de gestão da escola, sob a liderança de seu diretor, voltada para a dinamização e coordenação do processo co-participativo, para atender às demandas educacionais da sociedade dinâmica e centrada na tecnologia e conhecimentos.

Acção conjunta demanda autonomia competente

A promoção de uma gestão educacional democrática e participativa está associada ao compartilhamento de responsabilidades no processo de tomada de decisão entre os diversos níveis e segmentos de autoridade do sistema educacional. Desse modo, as unidades de ensino poderiam, em seu interior, praticar a busca de soluções próprias para seus problemas e, portanto, mais adequadas às suas necessidades e expectativas, segundo os princípios de autonomia e participação, indicadas por Valérien ( 1993), como duas das três principais características da gestão educacional.

A terceira característica seria o auto-controle, que equilibraria a autonomia e participação, para que a unidade de ensino não venha a cair no espontaníssimo e laissez-faire. Acrescentar-se-ia um quarto princípio de responsabilidade, demonstrado pelo contínuo processo de comprovação pública de seu trabalho e de esforços para melhorá-lo.

Em nome de uma acção democrática e autónoma, muitos membros de unidades sociais apresentam ressentimento contra toda e qualquer norma que possa estabelecer ordem e direcionamento ao seu trabalho. A esse respeito cabe reflectir sobre o significado subjacente ao seguinte pensamento: as normas existem para as obediências dos tolos e a orientação dos sábios (Oech, 1993). A gestão educacional cultiva relações democráticas, fortalecendo princípios comuns de orientação, norteadores da construção da autonomia competente.

A nova óptica do trabalho de direcção do estabelecimento de ensino lembra a necessidade e importância de que as decisões a respeito do processo de ensino, sejam efectivadas na própria instituição de ensino, envolvendo quem vai realizar esta prática e seus usuários.

Essa proposição de autonomia não deve eliminar a vinculação da unidade de ensino com o sistema educacional que a sustenta. A autonomia é limitada, uma vez que acções que promovam a força do conjunto só são possíveis mediante uma coordenação geral, que pressupõe, além da necessária flexibilidade, a normatização - entendida em seu espírito maior e não em sua letra menor.
25
Mar06

Sinais dos Tempos


marquesarede

sinais dos tempos.jpgPortugal está na moda: já comercializa os defuntos e a educação dos jovens
Os negócios estão no poder. «Os heróis da Renascença foram os pintores, os do século XVIII e XIX foram cientistas e filósofos, o século XX pertenceu aos intelectuais, os heróis do nosso tempo são os homens da finança, da indústria e do comércio», disse um rico empresário português.
Num tempo dominado pelos negócios fiquem sabendo que até a morte é «uma janela de oportunidade». Há sempre clientes. Neste ramo, quanto pior vai a vida, melhor o negócio. Fiquei a saber que por cá a parte mais lucrativa do negócio da morte já está nas mãos de multinacionais espanholas que por sua vez foram absorvidas por um grupo inglês controlado por duas grandes corporações americanas. Ao que consta os espanhóis estão no grupo porque têm mais «know-how» no ramo católico do que os americanos e ingleses que, por sua vez, são mais especializados nos ramos protestante e agnóstico. Aos portugueses restou a subcontratação. Se a morte deixou de ser um assunto privado para ser uma actividade lucrativa, dependente do mercado, também o futebol, como é sabido, deixou de ser desporto e virou indústria.
A esta procura de oportunidades de negócio não podia escapar a educação. Os grupos financeiros, dos países do centro, em particular os americanos, canadianos, ingleses e afins, desde há alguns anos que descobriram este potencial económico. A educação, tal como a saúde e a morte, foram declaradas indústrias de enorme potencial e futuro. Ensaia-se, por todo o mundo, a melhor forma de tirar partido deste novo filão.
O processo em curso de privatização da educação é um processo complexo. Está já bastante estudado. É um fenómeno global, mas assume formas diferenciadas de país para país. Não se resume à questão da propriedade da rede escolar. Há escolas de propriedade pública que têm processos privativistas muito avançados e há escolas de propriedade privada com uma prática privativista mais mitigada. Em suma, não se pense que a privatização da educação, nas sociedades actuais, continua a passar pela simples dualidade escola de propriedade pública, escola de propriedade privada.
O termo «privatização» é uma designação de vários programas e políticas educativas. Genericamente, a privatização traduz-se na «transferência de actividades, provisão e responsabilidades do governo e das instituições e organizações públicas para indivíduos e organizações privadas». A privatização é assumida como «mercantilização» quando são criados novos mercados ou «quase-mercados» que proporcionam alternativas de mercado aos serviços do governo. Como se compreende para que exista privatização não é necessário alterar a propriedade das instituições. Basta alterar-lhes a forma de se organizarem e de funcionar.
O sector da educação, dado o volume de despesa que acarreta, o potencial de lucro que encerra e a sua importância social crescente, é fortemente pressionado para ser privatizado, surgindo tal pressão de várias formas. Mas a resposta privatizadora é tanto maior quanto menor for a capacidade da escola pública, e dos seus sujeitos, em resolver problemas e manter a qualidade educativa. Por isso, a defesa da escola pública passa essencialmente pela capacidade de manter a despesa em níveis socialmente aceitáveis e, sobretudo, por encontrar inovação e capacidade de dar respostas de qualidade à nova população escolar e à nova procura educativa. Sem encontrar respostas comparativamente melhores dificilmente se escapará ao processo, em curso, de privatização da educação. Em suma, ou a organização pública responde melhor que a privada ou nada feito. Não é a simples denúncia de possíveis vícios privados que evitará o prosseguimento dos processos privativistas em desenvolvimento.
Depois de serem submetidas a um bom trabalho de propaganda ideológica, as opiniões públicas vêem o sector da educação pública em estado de crise terminal. Criticamente desarmadas, estão preparadas para aceitar propostas que lhes acenem com um qualquer paraíso educativo.
Nós vivemos hoje em sociedades do espectáculo. Espectáculo social, cultural mas também político. O espectáculo político é produzido em grande parte pelos interesses das grandes corporações financeiras, comerciais e industriais. «O espectáculo político constrói-se por meio da linguagem, imagens e discursos e através dos meios de comunicação como a televisão, cinema, internet, revistas, jornais, etc. (Edelman, 1988)». E constrói-se utilizando várias estratégias. Uma delas é a construção do sentimento de crise do sistema. Escondem-se interesses políticos e económicos por trás da aparência da racionalidade e da livre escolha. Criam-se inimigos e fantasmas. Define-se o público como espectador passivo em lugar de colectivo de cidadãos activos. Estes elementos estão patentes na preparação das reformas educativas dos últimos vinte anos e abrem caminho à ideia de que as soluções para os problemas com que se confronta a escola pública passam por processos de privatização da educação e da sua sujeição ao mercado.(1)
Que a escola pública portuguesa tem enormes problemas, todos o reconhecemos. Que ela penaliza sobretudo os mais pobres, ninguém duvida. Que os problemas se não resolvem sem profundas mudanças da escola pública, todos o sabemos. Mas é duvidoso que a resolução destes problemas reais passe pelas diversas formas de privatização até agora ensaiadas.(2)
Definir e compreender a realidade da crise da nossa escola (a crise da escola em cada país) é um passo fundamental. Se queremos apontar e participar na resolução dos problemas importa partir da análise critica da realidade, sem medos, sem preconceitos, sem conservadorismos, sem cálculos corporativos, sem sofismas, sem fantasmas, sem preguiça, colocando o interesse dos alunos em primeiríssimo lugar e recusando a aceitação acrítica da crise que nos querem vender.
A construção ideológica da crise – por iniciativa dos poderes dominantes - foi feita afirmando a ideia de que a falta de competitividade económica do País, a «ausência de valores», a «violência», o insucesso e a exclusão, a apatia dos alunos ou a «proliferação de problemas sociais» se devem a um deficiente sistema educativo público. Mas a realidade mostra, paradoxalmente, que o papel social do sistema público de educação foi, desde o final dos anos 80, tendencialmente reduzido pelos poderes à simples produção de «capital humano» barato e de consumo imediato.(3)
A análise das várias iniciativas de reforma privatizadora mostra que os alunos só, num caso ou noutro, e em termos retóricos, se encontram em primeiro lugar. Os processos de privatização, de facto, colocam outros interesses acima dos interesses dos jovens e das pessoas adultas. A defesa da escola pública passa, em primeiro lugar, por defender, de facto, em primeiríssimo lugar, os interesses da totalidade da comunidade dos alunos. É em nome dos alunos e de uma sociedade mais justa que se hão-de procurar as respostas para os problemas da escola pública e se mostrará como as respostas privatizadoras criam mais problemas do que resolvem.
14
Mar06

Previlégios


marquesarede

AE_magia.jpgO privilégio de ser estudante
Fátima Barros

Há alguns anos um eminente professor de Economia, Jacques Drèze, distinguido com um doutoramento honoris causa pela Universidade Católica Portuguesa, despediu-se da carreira docente com um discurso surpreendente. Este professor é um dos economistas europeus que mais contribuíram para o desenvolvimento da ciência económica e um dos nomes que todos os anos integram as listas de candidatos ao Prémio Nobel da Economia.

Jacques Drèze, no mesmo tom simples com que apresentava os teoremas mais complicados, explicou aos alunos do seu último curso de Equilíbrio Geral que, apesar de ter tido a oportunidade de estudar com os melhores professores do mundo, a pessoa com quem mais tinha aprendido, na realidade, tinha sido com um homem muito simples, um sindicalista que pouco mais tinha do que o nível de educação básica. E pediu aos alunos para nunca esquecerem que eram privilegiados por terem tido acesso à educação e, por disso, deveriam ter uma atitude de humildade face aos outros que não tinham tido essa oportunidade.

Nunca esqueci estas palavras e, numa ou noutra situação, já tive a oportunidade de as transmitir aos meus próprios alunos. A arrogância, muitas vezes confundida com autoconfiança, caracteriza a atitude de muitos dos alunos das nossas universidades.

A massificação do ensino universitário poderá ter contribuído para uma alteração da atitude dos alunos face à educação. Os alunos, na sua maioria, não sentem que é um privilégio terem acesso a um nível de educação superior mas sim um direito que podem exercer. Na maior parte dos casos consideram que, salvo algumas excepções, as aulas são uma seca e por isso perfeitamente dispensáveis.

Actualmente são os professores que devem empreender múltiplos esforços para tornar as aulas motivadoras e fazer com que elas agradem aos seus exigentes alunos.

Mas, infelizmente, o que estes alunos exigem não é necessariamente rigor no tratamento das matérias e conhecimentos sólidos por parte dos seus mestres. Hoje o que os alunos querem é ser entretidos e, se o professor não conseguir transformar as matérias difíceis em histórias divertidas, pode ter a certeza que não vai ter audiência.

Alguém dizia recentemente que um dos problemas actuais da educação dos jovens é que, para a grande maioria, os métodos de ensino têm de se revestir de formas lúdicas, a aprendizagem tem de se fazer através de jogos e, sobretudo, os jovens não devem ser violentados com métodos de estudo que os obriguem a um esforço demasiado grande. Assim, crescendo nesta cultura de facilitismo, os alunos entram na universidade e exigem que sejam os professores a cativá-los.

Não é por isso de espantar que uma das maiores críticas de que os professores são alvo por parte dos alunos seja a fraca capacidade de motivação. O que parece acontecer frequentemente é que quem está desmotivado para estudar são os alunos. E isto porque o jogo da concorrência pela atenção dos alunos é hoje muito desequilibrada: como pode uma aula sobre o cálculo integral concorrer com a navegação na Internet? Há por isso que reequacionar os valores que estão em causa. É necessário que os nossos jovens compreendam que para aprender é preciso trabalho e esforço e que a educação deles continua a ser um privilégio, pois para isso são empenhados muitos recursos da sociedade.
14
Mar06

Educação gera riqueza


marquesarede


O investimento no ensino de nível secundário e de nível superior traz benefícios à economia dos países. Esta é a conclusão de um estudo recente da UNESCO e da OCDE.

O estudo teve por base 16 países com economias emergentes - Argentina, Brasil, Chile, China, Egipto, Filipinas, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, Paraguai, Peru, Tailândia, Tunísia, Uruguai e Zimbabué - e incidiu sobre os últimos 20 anos. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) concluíram que o aumento de investimento na educação de nível secundário e de nível superior pode ter sido determinante para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) destes países em cerca de 0,5%.

Por exemplo, na Malásia, em 1960, os adultos - indivíduos dos 15 aos 64 anos) - passavam, em média, 3,22 anos nos estabelecimentos de ensino. O PIB, per capita era de cerca de 2 mil dólares americanos/ano. Em 2000, com um amento da frequência do ensino para 9,31 anos, o PIB sofreu um acréscimo significativo para 6 mil dólares americanos per capita .

No entanto, os países estudados ainda estão aquém do valor médio da OCDE no que diz respeito ao número de anos de frequência da escolaridade. Em 2000, em média, os adultos dos estados membros da organização com economias desenvolvidas passaram 10,2 anos a estudar, enquanto que os adultos dos países agora analisados passam 7,6 anos. No entanto, e nestes mesmos países, os adultos dedicavam apenas 3,4 anos à educação em 1960.

Os autores do estudo consideram o progresso lento, estimando que ainda sejam necessários cerca de 30 anos para que países ricos e os países em análise atinjam o mesmo nível de escolaridade nos ensinos de nível secundário e de nível superior.

Os estudos superiores também são essenciais para o bem-estar do indivíduo, na sua aceitação no mercado de trabalho. A qualidade de vida pode ser muito diferente para quem tem um curso superior. Por exemplo, um indonésio licenciado tem, em média, um vencimento 82% superior a um indonésio que tenha apenas estudos secundários. No caso do Paraguai, a diferença de salário pode ir até aos 300%.

De salientar que nos países em estudo, uma grande fatia do investimento na educação provém do sector privado. Por exemplo, no Chile, na China e no Paraguai, o investimento privado na área da educação ronda os 40%, o que contrasta com os 12% da média dos estados membros da OCDE.
14
Mar06

Ideias para pensar


marquesarede

Como Acabar com o Insucesso Escolar

Nos Estados Unidos há um concurso que abrange todas as escolas do ensino secundário e que premeia os melhores trabalhos de investigação desempenhados pelos alunos do 12º ano.

Há anos aconteceu que os dez alunos mais classificados foram de origem asiática. A revista "Time", admirada, foi a casa de uma família coreana ver como se preparavam os alunos para as primeiras classificações. Assim verificou a revista que naquela casa, após o jantar, levantada a mesa, a família sentava-se e os pais estudavam as lições com os filhos mais velhos e estes davam explicações aos irmãos mais novos.

E cá por Portugal, como é?

Há anos, uma senhora que organiza idas à praia para as crianças mais desfavorecidas dizia aos jornais que não era difícil arranjar dinheiro para levar os miúdos à praia, o difícil era obter a autorização dos pais para que isto acontecesse, e dizia a senhora: "Os pais perguntam 'se eu não fui à praia quando era miúdo e não morri por isso, porque é que eles hão-de ir'?"

"Mutatis mutandis": "Se eu não estudei porque hão-de estudar os meus filhos?"

A criança desfavorecida tem assim um ambiente doméstico desencorajador à continuação dos estudos. Por outro lado, vivendo num ambiente carenciado de dinheiro, é lógico que pense em empregar-se cedo e que mande os estudos às urtigas.

Como fazer para que a criança se sinta estimulada a continuar os seus estudos?

Compete ao Estado pagar à criança para que ela não abandone a escola. E como? Pagando por passagem de ano e a tanto por valor alcançado. Uma criança que chegue a casa - no fim do ano - com digamos 100 euros por ter passado de ano é o orgulho dos pais. Ele - o pai - sente-se comovido e a mãe sente respeito pelo filho. E na taberna o pai diz alto para quem o quiser ouvir: "O meu filho estuda para doutor e se não o fizer parto-lhe a cara." Sacrossantas palavras, porquanto o sucesso escolar faz-se também com "sangue, suor e lágrimas".

E os professores? Os professores são parte integrante do sucesso escolar.

O professor - tal como o vendedor - deve ter o seu ordenado dividido em dois ordenados: um fixo e um variável. O ordenado fixo permite ao professor um trem de vida sofrível. O ordenado variável - associado ao ordenado fixo - dá ao professor um trem de vida razoável.

O ordenado variável deve estar indexado ao desempenho dos alunos: passagem de ano mais valores acima de 10 (numa escala de 0 a 20). Se o aluno passa de ano com 10, não tem prémio - para isso, o professor é pago com o ordenado fixo - se o aluno obtém uma classificação acima do 10, aí o professor passa a ganhar um ordenado variável. Quanto maior a valorização da turma mais ganha o professor. E se um aluno apanhar um 20, os sinos do céu tocam em uníssono "Aleluia, aleluia, aleluia!" E o professor e o aluno têm conjuntamente um pleno!

O sucesso escolar baseia-se na acção conjunta da família, do aluno e do professor. E o Estado tem de pagar ao aluno e ao professor para que haja sucesso escolar. Estes dois prémios de desempenho - aluno e professor - são condição "sine qua non" para a competitividade de Portugal.

Plagiando Cervantes, digo: "Vale!"

Há muitos anos, trabalhando para uma empresa de organização, visitei uma fabriqueta de chapéus de chuva. Porque os prémios ao desempenho estavam mal calculados, as jovens operárias ganhavam mais - colocando manualmente as varetas nos chapéus - que os operários seniores com 40 anos de casa. Absurdo!

O cálculo dos prémios ao desempenho de alunos e professores é assunto muito sério e o Ministério tem forçosamente de contratar uma empresa de engenheiros consultores internacionais para calcular tais prémios.

Luís Toulson, Lisboa
14
Mar06

Mitos


marquesarede

As Escolas do Paraíso
O mito dos professores que não conseguem ser professores
César de Sousa

O caso dos diplomados pelos cursos superiores que servem, apenas, para formar professores transformou-se num verdadeiro mito urbano. Que se traduz pela asserção (exemplarmente reproduzida pela revista "Visão") de que é errado haver professores que são obrigados a exercer outras profissões ou funções, presume-se que menos dignas como, por exemplo, a de caixa de supermercado. Como mito urbano que é, a situação já passou à fácil aceitação de que é verdadeira e indesmentível. E não é nem uma coisa nem a outra.

Os diplomados por esses cursos que, sem terem vínculo à entidade patronal (o Estado), ou querem dar aulas ou as deram em situação precária, têm o óbvio direito e a aspiração de quererem ser professores. O problema é que sem alunos não há professores. Ou, então, há o desperdício de recursos que, com todas as vantagens e desvantagens inerentes, acabaria por dar a cada aluno um professor em regime de prática exclusividade. Porque, e mais clara não pode ser a situação, há uma efectiva redução demográfica que reduz o número de crianças e de jovens em idade escolarizáveis.•
Por outro lado, a redução da natalidade foi acompanhada, nos últimos anos, por uma deslocação de famílias para zonas periféricas. E se, aí (e não estamos a falar dos subúrbios da Grande Lisboa), faltam professores, toda a gente compreenderá que nem os professores que estão na carreira nem os aspirantes a professores querem suportar o ónus da deslocação ou da fixação noutras paragens.

É evidente que - como em todos os campos - é legítima a vontade de muitos jovens de quererem ser professores. Mas, à falta de condições objectivas para poderem exercer essa actividade profissional, é necessário pensar em alternativas.

E é aí que deve ser recentrado o debate. E é nesse campo que se deve criticar quem não faz ou quem faz mal. O que acontece com, praticamente, todos os protagonistas desta coisa interminável.

A saber: os responsáveis pelos cursos de formação de professores (respeitáveis universitários e dirigentes do politécnico) foram incapazes de renovar esses cursos, de lhes dar outras utilidades e de alargar as suas saídas profissionais; os responsáveis políticos nacionais só a medo restringem as vagas desses cursos, temendo ter de resolver o problema dos professores que aí se encontram e, no ensino superior do próprio estado, tanto faz que cada professor tenha um aluno ou 50; os responsáveis políticos locais não querem gastar dinheiro a atrair os professores que faltam aos filhos dos seus munícipes; os sindicatos (num dos mais perfeitos exemplos da sua incapacidade de perceberem que a sociedade muda) insistem na confusão; a comunicação social (onde também predominam muitos familiares de professores e de diplomados dos cursos de formação de professores) não distingue e até se pode aceitar que não é obrigada a distinguir...

É por isso que a questão se transformou num mito urbano: toda a gente sabe que o problema existe e tem a mesma percepção dele, ninguém já se preocupa com a sua resolução.
14
Mar06

Mistérios


marquesarede

alunos.jpgO mistério da educação
autor: João César das Neves
Com a ruína do Ministério da Educação, já velha mas agora bem visível, muitos pais preocupam-se com a formação dos seus filhos. É importante que saibam que isso tem pouco a ver com a educação dos nossos jovens. Essa continua a bom ritmo, e até é facilitada quando se verificam atrasos no início das aulas.

Os jovens portugueses aprendem intensamente as matérias que a sociedade lhes quer ensinar. Eles sabem muito bem, por exemplo, os cuidados a ter ao colocar uma bomba atómica numa cidade populosa, a forma mais adequada de espancar um extraterrestre num beco à noite e maneiras eficazes de passar droga ou enganar a namorada sem ninguém dar por isso. É isto que a sociedade lhes quer ensinar quando eles estão em condições de aprender, em frente à televisão ou ao computador. A escola ensina, os divertimentos arrastam.

A nossa sociedade desenvolveu extraordinários métodos pedagógicos, instrumentos fantásticos de comunicação, técnicas de persuasão ímpares, e usa-as intensamente para veicular os conhecimentos que pretende.

Mas o que ela quer ensinar aos nossos filhos não é certamente Matemática, Português, Biologia, Educação Física, Sexual ou Musical. Se o quisesse, faria filmes divertidos sobre isso, organizaria séries televisivas, criaria jogos de computador, sites, grupos de rock, revistas e bandas desenhadas adequadas a esse objectivo.

Aquilo que a sociedade actual quer ensinar aos nossos filhos é muito diferente. Quer que aprendam a assassinar o presidente americano ou a conquistar o mundo com uma arma diabólica. Quer que sejam «bué da loucos» e saibam que o casamento é uma chatice e a fornicação é sempre fixe em qualquer forma ou circunstância. Quer amestrá-los a beber Coca-Cola e a gritarem em histeria frente à Madonna. E, sobretudo, quer que consumam, consumam, consumam sem custo e sem esforço.

Os jovens actuais são os filhos da primeira geração educada pela televisão. Mas na idade deles os seus pais viam o «Rim-Tim-Tim» e a «Lassie», o «Robin dos Bosques» e «Ivanhoe», «O Santo», «Bonanza» e «Perry Mason». O que se vê hoje são «Morangos com Açúcar» e «Buffy, a Caçadora de Vampiros», o indescritível «Dragonball» e o mentecapto «Pokemon».

Nos filmes e séries actuais, os heróis não são melhores que antes (é lá possível ser melhor que o Captain Kirk ou James Bond?!). Os «maus» é que ficaram abomináveis e o sangue (frequentemente verde) jorra muito mais.

A surpresa é que, com uma dieta intelectual tão brutal e boçal, os nossos jovens não saiam monstruosos desadaptados sociais. O espanto é que os adolescentes depois venham a ser pessoas normais, que trabalham e decidem o seu futuro como nós, vivendo num país mais próspero e feliz que o nosso. Este é o verdadeiro mistério da educação.

A explicação do enigma é que, mais do que pela escola e televisão, somos educados pela vida. E a vida tem muito pouco a ver com aquilo que sociedade mediática nos impinge. Os jovens, em geral, vivem em famílias normais, muito diferentes das perversões parolas das telenovelas. Os namorados querem relações estáveis e respeitosas, e não o fútil carrossel de sensações apregoado por séries e revistas da moda. Os amigos não são vampiros-robots, mas pessoas pacatas, que pretendem uma vida alegre e sossegada.

Os nossos jovens vão resistir à imbecilidade da televisão, tal como as escolas acabam por vencer a incompetência do ministério. A vida vence a morte.
14
Mar06

Xadrez como terapia


marquesarede

QG_jogoxadrez.jpgMuito mais do que um simples entretenimento, o jogo de xadrez vem se mostrando uma ferramenta importante para o desenvolvimento infantil. Tanto é que já faz parte do curriculum escolar em Países como a França e a Holanda.

Jogando desde pequeno, graças à uma paixão de família pelo jogo, o psicólogo Estevan Matheus resolveu aproveitar os benefícios do xadrez na terapia com crianças e vem conseguindo bastante êxito.

“O xadrez acaba despertando capacidades como memória, agilidade do pensamento, a segurança e o aprendizado na vitória e na derrota, coisas muito importantes no dia a dia das crianças e na formação do individuo” , explica Matheus.

Segundo o psicólogo a prática do jogo implica no exercício da sociabilidade, da autoconfiança, do raciocínio analítico e sintético e até mesmo da organização estratégica do estudo o que acaba inclusive auxiliando na melhora do rendimento escolar, principalmente em termos de concentração.•
“Actualmente vemos muitas crianças com dda – deficit de atenção, o xadrez auxilia muito nestes casos e a criança passa a ter avanços grandes em relação a atenção e memorização” , revela.

Trabalho envolve conversa com os pais, com a criança e representação dos familiares por intermédio das peças do xadrez

O trabalho de Matheus começa com uma conversa franca com os pais para que ele possa conhecer a história de vida da criança, o contexto em que ela está inserida e os motivos que os levaram a buscar auxílio na terapia. O passo seguinte é o diálogo com a criança, etapa importante para todo o processo de trabalho posterior.•
Só após estas acções é que Matheus inicia a familiarização da criança com o jogo de xadrez. Para isso, conta um pouco da história do xadrez e explica o significado de cada peça do tabuleiro.

No momento seguinte, o psicólogo pede para que a criança desenhe cada uma das peças do jogo e que as relacione com as pessoas do seu convívio e o porquê da relação.

O processo como um todo dura cerca de dez sessões. A partir disso é que Matheus começa a ensinar o jogo propriamente, procurando trabalhar e enfocar os medos e emoções da criança.

Estudos revelam que xadrez traz benefícios às crianças e adolescentes

Segundo Matheus, alguns estudos apontam os benefícios do jogo de xadrez para crianças e adolescentes. O psicólogo Joan Christiaen em sua tese de doutoramento intitulada Chess & Cognitive Development, publicada em 1975, fez um teste com vinte estudantes de 5a. série.

Durante um ano ele aplicou o jogo de xadrez regularmente. O grupo que jogou xadrez regularmente mostrou uma grande diferença em relação aos estudantes que não jogavam.

Resumindo, Christiaen conseguiu demonstrar um relevante número que na aplicação dos testes cognitivos de Jean Piaget deram vantagens cognitivas em relação aos alunos que não tiveram aulas de xadrez. Ou seja, o jogo de xadrez deixa as crianças mais espertas dentro da sala de aula.

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