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ALCOCHETADAS

Temas e notícias diversas sobre questões relacionadas com o ensino, actividades escolares, questões sociais e das novas tecnologias.

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24
Jul06

Quem tem medo de avaliações?


marquesarede

A avaliação dos pais
(transcrito de galoverdeblogsport.com)


A ministra da Educação resolveu decididamente levar por diante alterações profundas no Ensino. Ninguém desmente que os resultados do Ensino e as qualificações profissionais com que os alunos saem da escola, são os piores da Europa. Ninguém põe isso em causa. Nem governantes, nem eleitores, nem os pais nem os próprios professores.

Há menos alunos que anteriormente, há pouco mais professores, há muito mais despesa. E os resultados são piores. Sabendo-se que 85% da despesa no Ensino é feita com encargos com pessoal é fácil de concluir para onde vai o excesso de despesa.

A ministra tem em mãos duas frentes de luta. Por um lado é necessário alterar metodologias, horários, programas e projectos educativos. Por outro lado é necessário racionalizar e gerir melhor os recursos humanos deste ministério.

Ela insiste que no Ensino, o beneficiado principal são os alunos e a sua educação, sendo os professores um dos instrumentos para atingir esse objectivo. Do mesmo modo na Saúde, o objectivo principal é o doente e a sua cura, sendo o corpo médico um dos meios para atingir esse objectivo.

Ora isso nunca foi visto assim até hoje e os sindicatos da Educação recusam aceitar este ponto de vista. Sempre que se fala em Ensino e nos seus problemas, fala-se de professores e das suas carreiras.

Era previsível que qualquer ministra que estivesse resolvida a tocar nestes interesses instalados, defendidos por dois sindicatos habituados a ganhar sempre nas mesas de negociação, só viesse a comprar uma longa guerra. E uma guerra onde vale tudo.

Quando a ministra resolve avaliar os professores como única forma de escolher os melhores para os premiar, e separar os piores para não viverem às custas dos primeiros em subidas automáticas de carreira sem qualquer mérito, aqui del-rei, cai o Carmo e a Trindade.

Toda a gente deve ser avaliada sob vários prismas e de modo exterior quando possível. Não fazia o mínimo sentido que fosse o Sindicato a fazer essa avaliação. E como eles gostariam de a fazer...

A ministra repetitivamente afirmou que a avaliação dos pais será minimalista e é só mais um dos indicadores que uma comissão terá em conta.

O corporativismo criado pela FNE e FENPROF apoiado nos 120 mil potenciais ou já professores, está bem ensaiado e tem feito de tudo para passar a sua mensagem de desagrado e principalmente demonstrar que esta ministra não serve. Não vai ao encontro das suas pretensões. Não procede como todos os anteriores ministros da educação.

Como em todas as guerras psicológicas há que localizar a atenção dos ouvintes em duas ideias simples e martelá-las até que não restem dúvidas. Uma mentira mil vezes repetida, transforma-se em verdade.

E as ideias escolhidas foram:
1 – Esta ministra não tem tacto para tratar com os professores, generalizando e acusando-os de serem os únicos culpados do mau Ensino.
2 – A avaliação feita pelos pais é um erro, já que os pais não têm capacidade para o fazer.

A primeira ideia é usada pelos sindicatos até à exaustão, aproveitando para espicaçarem o brio profissional dos professores e conseguir a sua adesão, mas nunca referindo em que circunstância e com que frase a ministra procedeu desse modo.

A segunda é mais para consumo popular, de comentário jornalístico e bloguístico. Até o humorista JPGomes já foi convencido a gravar um clip que circula pelos emails. Escamoteia-se o pequeno peso que a avaliação dos pais tem na avaliação geral de cada professor e faz-se crer que a avaliação dos professores está nas mãos dos pais. Que importará que um ou mesmo dois pais tenham uma opinião negativa dum professor, se esse professor tem um curriculum de informações positivas e os restantes pais não subscrevem aqueles dois?

Depois avança-se com os pais analfabetos, ou os pais que nunca vão à escola, ou os pais chantagistas, ou ... Os pais que não vão às escolas não avaliam. Quem não sabe ou não tem dados para avaliar, não avalia. Mas haverá muitos pais que têm excelentes informações do professor e poderão expressá-lo. E se numa turma a generalidade dos pais tiver queixas duma determinada professora, é bom que a comissão de avaliação saiba disso, investigue e resolva o diferendo.

Mas quem são estes pais analfabrutos e chantagistas sem competência alguma? São os mesmos pais que são chamados a eleger o Presidente da República e os Governos (e não sabem governar); são os mesmos pais que avaliam correctamente o Prior da aldeia (e não sabem dizer missa); são os mesmos pais que se informam junto de outros sobre a avaliação dum determinado médico antes de se meterem numa operação cirúrgica; são os mesmos pais que avaliam todas as instituições, empresas, comércio etc, que lhes prestam algum serviço; são os mesmos pais que respondem aos inquéritos de satisfação à saída dum hotel ou dum centro comercial.

Não sejamos ingénuos! Todos nós já tropeçámos em excelentes professores que gostaríamos de incentivar e referir de algum modo, e em “professores” unanimemente reconhecidos com deficiências pedagógicas quando mesmo inadaptados para a função.

Este diferendo só acontece por se tratar de Escolas públicas onde a falta de avaliação era uma protecção para os menos capazes, e onde os melhores também passavam bem sem elas no receio de serem mal avaliados. No sector privado isto não acontece. Fui por várias vezes fazer formação em multinacionais e no fim do curso preenchia-se sempre um questionário sobre o monitor e o modo como tinha conduzido o curso. Em garagens de marca depois do arranjo duma viatura, preenche-se um exaustivo questionário sobre o grau de satisfação com os vários intervenientes na prestação de serviços. Nessas empresas a avaliação é essencial para melhorar a performance.

Na Saúde pouco se tem feito, se esquecermos as farmácias e o fecho das maternidades. Na Justiça ainda menos se fala de reestruturação e os processos continuam a prescrever depois de milhares de folhas cozidas a cordel com se fazia no século passado. Espero que no Ensino, esta ministra consiga, apesar dos bloqueios, fazer um pouco mais e melhor para bem dos alunos dos professores e do país.


in galoverdeblogsport.com

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